terça-feira, 11 de janeiro de 2011


A cada cinco meses aparo, corto as pontas do meu cabelo. No silêncio, barulho da tesoura, vejo pelo reflexo do espelho aquele monte com certa sensação de liberdade e perda. Mandei matar tecido morto que brilhava, ou não!

Eles tem história, tem idéia ali... Tem a tarde de sol na praia, o shampoo da promoção, a pregadeira do Recife trazida por alguém que lembrou deles, lembrou de mim. É difícil se desfazer de algo que não sai de nossa cabeça, mas sai do mesmo lugar onde nasce minha vida e nasci vontade de cortar cabelo.

Disputam o espaço com muita gente, são amantes pegajosos e por isso precisam ser podados antes que rebelde virem. Irmãos desses garantirão minha sobrevivência por um maior tempo ao receberem flores por mim um dia.

São vermelhos, pretos, brancos ou amarelos. Mas no volume da cabeça cada fio passa despercebido.

Tainara Coutinho