domingo, 5 de janeiro de 2014

Se Eu Fosse Um Padre


Se eu fosse um padre, eu, nos meus sermões,

não falaria em Deus nem no Pecado

- muito menos no Anjo Rebelado

e os encantos das suas seduções,

não citaria santos e profetas:

nada das suas celestiais promessas

ou das suas terríveis maldições…

Se eu fosse um padre eu citaria os poetas,

Rezaria seus versos, os mais belos,

desses que desde a infância me embalaram

e quem me dera que alguns fossem meus!

Porque a poesia purifica a alma

… a um belo poema – ainda que de Deus se aparte -

um belo poema sempre leva a Deus!


Mario Quintana



segunda-feira, 2 de julho de 2012

Canção do dia de sempre

Tão bom viver dia a dia…
A vida assim, jamais cansa…

 

Viver tão só de momentos
Como estas nuvens no céu…

 

E só ganhar, toda a vida,
Inexperiência… esperança…

 

E a rosa louca dos ventos
Presa à copa do chapéu.

 

Nunca dês um nome a um rio:

Sempre é outro rio a passar.

 

Nada jamais continua,
Tudo vai recomeçar!

 

E sem nenhuma lembrança
Das outras vezes perdidas,
Atiro a rosa do sonho
Nas tuas mãos distraídas…

 

Mario Quintana

quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

Palavras lidas



Em quase todo poema há tristeza e alegria,

Há riso e espanto,

Há canto de palavras soltas, embaralhadas

Revelando cada palmada que a vida te traz.



Eu berro em caixa alta poema vivo, poema sentido,

Que merece ser lido na hora do pranto, ou do encanto

E que tenta remontar aquele momento.


Vivido por mim, às vezes por dentro

De confissões inventadas, confissões ouvidas

Preciso sentir cada palavra por mim lida.

Tainara Coutinho

terça-feira, 11 de janeiro de 2011


A cada cinco meses aparo, corto as pontas do meu cabelo. No silêncio, barulho da tesoura, vejo pelo reflexo do espelho aquele monte com certa sensação de liberdade e perda. Mandei matar tecido morto que brilhava, ou não!

Eles tem história, tem idéia ali... Tem a tarde de sol na praia, o shampoo da promoção, a pregadeira do Recife trazida por alguém que lembrou deles, lembrou de mim. É difícil se desfazer de algo que não sai de nossa cabeça, mas sai do mesmo lugar onde nasce minha vida e nasci vontade de cortar cabelo.

Disputam o espaço com muita gente, são amantes pegajosos e por isso precisam ser podados antes que rebelde virem. Irmãos desses garantirão minha sobrevivência por um maior tempo ao receberem flores por mim um dia.

São vermelhos, pretos, brancos ou amarelos. Mas no volume da cabeça cada fio passa despercebido.

Tainara Coutinho

domingo, 7 de novembro de 2010

Chuva


Se as palavras fossem chuva,

E as chuvas palavras.

Os poemas se fariam

Do barulho, da colisão,

Da água batendo na cabeça do poeta.


Talvez fossem tempestades inverno...

Não, não!

Prefiro as chuvas de verão.

Sim, poemas seriam chuvas de verão no Equador!


Que depois do calor,

Cairiam pra refrescar

Ou pra mais esquentar

E no outro dia choveria novamente.


No verão aqui,

Os poetas ficariam coradinhos

E aguardariam com ansiedade o fim de tarde...


Talvez Paraty recebesse mais gente em Março,

E a festa mudasse de data.


Eu que já adoro uma chuva

Iria até aprender a dança,

Viraria devota de São Pedro,

E nunca moraria no Sertão!


Meu nariz seria viciado em cheiro de terra molhada...



Tainara Coutinho